terça-feira, 30 de junho de 2009

Rachel Cusk





Acabei de ler "Arlington Park" ( Ed. Asa) da canadiana Rachel Cusk, de quem já conhecia "Saving Agnes" e "The Lucky Ones", que me lembre, agora. Este romance, publicado originalmente em 2006, contém um desespero tão palpável, uma angustia tão premente que fiquei com uma espécie de gosto a metal e cinzas na boca. Conta as histórias de várias mulheres que habitam um condomínio alargado de luxo, nos subúrbios de Londres. A sua movimentação - migração - é motivada por factores díspares mas acabam todas (quase) na mesma situação: descontentes, frustradas, vazias, amargas, enlouquecidas com a rotina, as crianças, as idas ao centro comercial, os maridos que elas entrevêem de relance. Chove sempre em Arlington Park, as bátegas de água não param de cair de um céu de chumbo. As casas são demasiado grandes ou demasiado pequenas, arrumadas maniacamente ou desleixadas pela impotência.
É um romance sobre mulheres que sofrem horrores sem saberem porquê ou devido a quê, numa antevisão apocalíptica do "crash" de 2008, entre poluição, solidão, mau gosto e abandono. São donas de casa desesperadas à beira da morte mental, cheias de medo da vida.
Assustador, verídico, incómodo, trágico-cómico - mães que detestam os filhos , que os acham feios, que se sentem felizes por comprar um "top" numa loja, que não têm amigas, apenas conhecidas que criticam abertamente, que mal reconhecem os maridos, etc., etc. - e muito bem escrito. Ainda bem que já não tenho trinta e tal anos. Nem nada que se pareça. UFFFF!

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Hemingway de novo


Ernest Hemingway com a sua primeira e segunda mulher, respectivamente, Hadley Richardson, Pauline Pfeiffer.
O neto de Ernest Hemingway Seán Hemingway, editou versão restaurada de "A Moveable Feast" ("Paris é uma Festa") que irá sair pela Simon & Schuster no início do mês que vem. As memórias do escritor em Paris quando começou a trocar de mulheres e pôs a nu as suas indecisões e (alguns) remorsos por ter acabado o primeiro casamento. A história desta nova edição é, também , interessante - em causa está o último capítulo trabalhado a partir de pequenos textos e notas do escritor, por Mary Hemingway, a última mulher, que foi quem editou este livro em 1964 - e demonstra o fascínio que ainda perdura em relação ao escritor. Na realidade muitos estudiosos da sua obra sempre consideraram que "A Moveable Feast" não ficara terminado quando do suicídio do autor em 1961.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Maria da Conceição Caleiro

Na quinta-feira próxima, 25 de Junho, 2009, dia em que chego a Lisboa, vou apresentar este livro da Maria da Conceição Caleiro, na Livraria Barata da Avenida de Roma, às 18:30 h. É um romance poderoso e surpreendente. É preciso lê-lo porque revoluciona por completo a Literatura Portuguesa contemporânea. Não é a minha área, como sabem, mas tenho quase a certeza de que não há nada que se lhe compare. Depois vos darei mais pormenores. Mesmo que não possam aparecer, aconselho-vos a leitura. Rapidamente. A edição é da Sextante.

Longe de casa com Siri Hustved


Longe de Portugal, a escrever.
Também acabei de ler "Elegia para um Americano" de Siri Hustvedt, Edições Asa, recentemente publicado em Lisboa. Ela também esteve por lá, com o famoso marido, Paul Auster, o qual me parece bem mais fraco, como escritor, do que ela - não sou, decididamente fã, do Auster e gosto do que a Siri escreve - destaque para "Aquilo que Eu Amava", também da Asa - embora não veja isto como uma competição dentro do casal - que talvez exista, embora me pareça que ambos sabem muito bem o que estão a fazer. "Elegia para um Americano" é narrado por um psicanalista - o que levou aos disparates do costume ( uma parangona: "Siri Hustvedt escreve como um homem") - e é um dos livros que se pode inscrever na chamada "literatura pós-9/11". É uma meditação sobre a morte - tanto individual como colectiva - sobre a memória e sobre as transformações nas vidas das pessoas - principalmente dos habitantes de Nova Iorque - à sombra da catástrofe. Como recuperam o passado - bem ou mal - como ajustam ou desajustam os afectos, como tentam sarar feridas morais, psicológicas, afectivas. Em comum com Auster, a escrita de Hustvedt assenta em dois pilares fundamentais : o tema das origens (relação com a Europa de onde vieram tantos imigrantes que colonizaram a América) e uma escrita "cinematográfica" muito visual, e formatada como uma película. É, também, um romance "autobiográfico"uma vez que as memórias do pai de Hustedt - um imigrante norueguês que faleceu em 2003 - - são expressamente citadas e compõem a espinha dorsal do romance, o ponto fulcral de onde tudo emana e para o qual tudo converge.
Na realidade, o livro é uma elegia para "esse americano" - vindo de outros lugares, forte, corajoso, honesto, "vertical", amante da sua nova terra, heróico - e para a própria América com todos os seus traumas acumulados.
Um romance muito interessante que aconselho e que completa outra leitura, a de "A Boa Vida" de Jay McInerney, também recentemente editado em Portugal.

sábado, 20 de junho de 2009

Aos 85 anos Gloria Vanderbilt publica "Obsession"


Abençoada senhora !

Andam todos - quero dizer, no New York Times - deslumbrados pelo facto de Gloria Vanderbilt, a herdeira do império do mesmo nome, "socialite" de renome, actriz, autora, dona de uma marca - perfume incluído, embora horrível - conhecida por um comportamento "selvagem" - isto é, não convencional - publicou agora um romance erótico/pornográfico com os ingredientes mais escaldantes desde a "História d' O" de Pauline Réage. O mais excitante é que a senhora tem 85 anos - abençoada - e parece não pensar noutra coisa a não ser em sexo - de todos os tamanhos, tipos e feitios (salvo seja!), em todos os lugares, posições e disposições. O romance chama-se "Obsession" e conta a história da viúva de um arquitecto famoso ( poderá ser inspirado em Frank lloyd Wright) que descobre documentos que demonstram as capacidades erótico-acrobáticas do marido.

Aqui vai um trecho da crítica do New York Times por CHARLES McGRATH:

Obsession” is written in stylized literary prose that owes something to Pauline Réage’s “Story of O,” and is set in a world that’s partly fantastical. It’s erotica, not porn. But it nevertheless uses vocabulary and describes activities of a sort that readers of The New York Times are usually shielded from. There are scenes involving dildos, whips, silken cords and golden nipple clamps, not to mention an ebony, smooth-backed Mason Pearson hairbrush purchased at Harrods. As the book explains, spanking with a Mason-Pearson is a “serious matter,” not the kind of thing that is rewarded with the “luscious afterglow of warm cocoa butter.” Mint, cayenne pepper and a fresh garden carrot are deployed in the book in ways never envisioned by “The Joy of Cooking.” And there is also a unicorn, though, blessedly, it remains a bystander...."

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Correntes D' Escritas - 24 a 27 Fevereiro 2010

Toda a gente que me conhece sabe como sou adepta fervorosa das Correntes D' Escritas na Póvoa do Varzim. É um acontecimento literário ímpar, uma semana sempre extraordinária com tudo o que se relaciona com a leitura - livros, escritores, livreiros, editores, agentes literários, amantes das letras - que é interessante, viva e extremamente bem disposta, sem qualquer tipo de pressão. Um paraíso, portanto - e com o mar por fundo, ou profundo... também. Mais, quem organiza esta Festa - A Manuela Ribeiro e o Francisco Guedes , para não mencionar um verdadeiro "exército" de gente amável, atenta, profissional - começa a fazê-lo com tempo e com um profissionalismo pouco comum. Por isso, aí está já o Regulamento do Prémio Literário Casino da Póvoa - Leiam-no todo em http://www.cm-pvarzim.pt/
Aqui ficam alguns dos parágrafos mais importantes :

"2 – Apenas serão aceites a concurso, as obras publicadas em Portugal (1ª. Edição), excluindo
as obras póstumas, editadas entre Julho de 2007 e Junho de 2009.
3 – Não serão admitidas a concurso quaisquer obras cujo autor tenha sido galardoado com o
PRÉMIO LITERÁRIO CASINO DA PÓVOA nos últimos 6 anos.
4 – O valor do PRÉMIO LITERÁRIO CASINO DA PÓVOA é, em 2010, de 20.000 €.
5 – O prémio será atribuído nos anos pares a novela/romance e nos anos ímpares a poesia.
Assim, em 2010, o Prémio distinguirá Prosa.
13 – A organização divulgará o presente Regulamento através dos órgãos de comunicação
social, junto de editores, livreiros e autores, no sentido de que de cada livro, lhe sejam
enviados, pelos meios correntes, até 30 de Agosto de 2009, sete exemplares em português,
destinados ao Júri e à Biblioteca Municipal da Póvoa de Varzim, e, no caso dos livros
traduzidos, uma versão original, por forma a poder ser consultada pelos elementos do Júri, se
necessário.
14 – As obras a concurso deverão ser enviadas para a seguinte morada: PRÉMIO LITERÁRIO
CASINO DA PÓVOA, ao c/ de Manuela Ribeiro, Correntes d’ Escritas, Câmara Municipal da
Póvoa de Varzim, Praça do Almada, 4490 – 438, Póvoa de Varzim.
"
As Correntes D' Escritas acontecerão entre 24 a 27 de Fevereiro de 2010

Contactos da Manuela Ribeiro

Câmara Municipal da Póvoa de Varzim
Pelouro da Cultura/Gabinete de Projectos Sócio-Culturais
Correntes d' Escritas
Tel: + 351 252 298 507/Fax: + 351 252 611 882
manuelaribeiro@cm-pvarzim.pt/mailto:cm-pvarzim.pt/correntesdescritas@cm-pvarzim.pt
http://www.cm-pvarzim.pt/



segunda-feira, 15 de junho de 2009

"A Vida em Surdina"



Imaginem uma história que trata do declínio físico, da morte, da perda, do medo, da decadência mental e de todos aqueles indícios - por mais pequenos que sejam - que nos mostram, em cada dia, ao acordar, que o tempo está a passar a uma velocidade vertiginosa e que, mais coisa menos coisa, vamos "bater a bota", "ir desta para melhor(?)", "esticar o pernil", "subir ao céu", "ir para os anjinhos", com a agravante de, antes, passarmos por certas humilhações, dores e sofrimento que, se não tivermos sorte, não nos matam depressa.

Imaginem que, ao ler o livro que conta esta história - centrada na personagem de Desmond Bates, professor de Linguística reformado e surdo como uma porta - não podem impedir-se de rir às bandeiras despregadas. Quem não leu "A Vida em Surdina" poderá pensar que é improvável que um herói tão pouco apelativo - não ouve nada, faz confusões com tudo, tem uma performance sexual que deixa muito a desejar, é assediado por uma jovem mas esse facto só lhe traz incómodos e complicações indesejadas, trata do pai com oitenta anos com alguma relutância, a primeira mulher morreu com um cancro, a segunda é uma empresária bem sucedida - possa despertar um interesse e uma empatia tão grande. O facto é que entre os risos loucos e as lágrimas, o leitor acompanha um determinado tempo da vida de algumas pessoas que lhe irão ficar na memória.

Não vos vou contar a história. O essencial está na contracapa do livro e o resto terão de descobrir por vós próprios. Mas gostava de chamar a atenção para algumas pistas: David Lodge ficou conhecido pela sua enorme erudição temperada pelo humor em obras que descrevem como ninguém a vida universitária, com ecos de Kingsley Amis e Malcolm Bradbury, seus dignos antecedentes no género. Aqui, esse mesmo universo distancia-se a toda a velocidade, uma vez que Bates - decalcado do próprio Lodge como ele faz questão em sublinhar numa nota final - está reformado (a princípio com uma sensação de alívio, gradualmente com uma sensação de perda) e as suas tentativas para se dedicar "à pesquisa" e a coisas que não tivera ocasião de fazer antes, lhe parecem muito pouco apelativas. Mesmo o assédio de uma aluna americana da sua antiga Escola que o lisonjeia e provoca , não chega para o fazer sair da modorra que o tempo livre e principalmente a surdez lhe proporcionam.

De notar, ainda, como Lodge cria um sub-plot - a história bastante aflitiva com a jovem estudante - para criar um certo suspense erótico e não só, como trata as relações familiares contemporâneas com profunda sensibilidade, como fala do casamento e do amor filial em termos absolutamente brilhantes e , ainda, como "alivia" a tristeza da própria condição do narrador - na 1ª e 3ª pessoas - e a da existência do seu pai ( teimoso, só, cheio de manias, doente) com momentos hilariantes, principalmente à custa da própria deficiência que lhe cria momentos de grande embaraço, tendo em conta os mal entendidos que provoca. A relação com a segunda mulher, Fred ( diminutivo de Winifred) é, mais uma vez, magistralmente tratada. Com o seu nome masculino, Fred está em perfeita décallage temporal e física do marido. Tem muito sucesso e ganha dinheiro com um trabalho que lhe dá prazer, fez algumas plásticas que a rejuvenesceram consideravelmente e parece estar no período mais esplendoroso da vida, com os filhos criados, uma vida social intensa e aberta a grandes sensações e emoções. A forma como este casal se afasta e aproxima é um dos musts do livro, bem como a forma como Lodge trata a cena da reunião da família no Natal. Acreditem, não podem perder. É tudo aparentemente muito simples, as personagens não podem ser mais humanas e a escrita é clara e sem floreados, embora de um rigor extraordinário. David Lodge, o escritor britânico e católico que sabe descrever as dores mais comuns dos seres humanos - a solidão, a perda, a incompreensão, a velhice, o desespero - é, também, capaz de lhes contrapor a esperança, o amor e uma espécie de ternura nada sentimental mas poderosa. Bates, como figura principal, olhado por si próprio e "de fora" é um pólo catalizador de grandes emoções: a solidão partilhada com o pai, a memória terrivelmente dolorosa da primeira mulher, a fricção erótica com Alex ( a jovem estudante) aliada ao medo do ridículo, a distância (ainda) cúmplice com o ambiente do campus, o afastamento, pelo menos aparente, em relação a Fred. Um retrato trágico e cómico de um homem de idade, das suas limitações e vitórias e, principalmente, da sua (cruel) condição humana.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Comunidade de Leitores Culturgest


Em Setembro, começará a segunda das Comunidades de Leitores deste ano, 2009, na Culturgest. Eu sei que já tinha dado uma primeira indicação em relação aos livros escolhidos mas acabei por mudar dois deles. O primeiro foi "A Montanha Mágica" de Thomas Mann porque é uma obra que merece, pelo menos, três sessões e não apenas uma: há demasiadas questões, demasiada informação e muitas páginas para serem deglutidas em 15 dias. O segundo foi "O Paciente Inglês" de Michael Ondaatje porque tive reclamações. (Muita gente já o lera. )
Com estas explicações, espero que a nova escolha agrade a toda a gente.
Já enviei o texto para a Culturgest.
E aqui fica a versão definitiva:
A Imagem é de Eugéne Delacroix e o quadro em questão chama-se "Heliodorus expulso do Templo"
O Tema é :
"Confrontos, Guerras, Escaramuças"
E os Livros:

24/09 - "A Costa dos Murmúrios", Lídia Jorge, Ed. Dom Quixote
8/10 - "A Obra ao Negro", Marguerite Yourcenar, Ed. Dom Quixote
29/10 - "Lillias Fraser", Hélia Correia, Ed. Relógio D'Água
19/11 - "Love", Toni Morrison, Ed. Dom Quixote
3/12 - "Corpo Presente" Anne Enright. Ed. Gradiva
17/12 - "O Mar", John Banville, Ed. Asa

Só os insensatos preferem a guerra; em tempo de paz, os filhos enterram os pais; em tempo de guerra, os pais enterram os filhos.” Heródoto

Vivemos em guerras permanentes, verdadeiras e falsas, grandes e pequenas; entre países, raças, culturas, no seio de comunidades, de associações, de famílias. Lutamos contra os elementos, contra as políticas, contra a pobreza, contra a riqueza, contra quem amamos, contra quem odiamos e contra nós próprios. Nesta Comunidade iremos reflectir sobre as várias faces da Guerra ou, melhor ainda, sobre a Face das várias guerras, começando por aquela que nos é sugerida pela leitura de “A Costa dos Murmúrios”. Este é um dos três romances que abarcam um tempo “histórico” e que ocuparão a primeira metade desta Comunidade. Aqui, trata-se da Guerra Colonial que funciona como um cenário, uma respiração, uma espécie de doença que a todos aflige, embora de maneiras diversas. No entanto, o que verdadeiramente se passa está relacionado com confrontos entre géneros, com a subordinação sexual, as lutas de raças e de ideologias, as escaramuças contra o poder patriarcal e colonial . Acontece sempre algo semelhante em tempos perturbados por grandes mudanças, como em “A Obra ao Negro”, onde Zenão, médico e alquimista do século XVI, luta pela liberdade da acção e do pensamento, na passagem da Idade Média para o Renascimento. E, no século XVIII, Lillias Fraser, a menina dos olhos dourados e poderes sobrenaturais, escapa da Escócia para Portugal depois da mortífera batalha de Culloden.
Das Guerras públicas passaremos para as privadas em “Love”, onde uma luta implacável é travada entre duas mulheres por causa de um homem, Bill Cosbey, que já está morto no início da história. Christine, a neta, e Heed, a viúva, não admitem tréguas, apesar de serem da mesma idade, viverem debaixo do mesmo tecto e terem sido amigas na juventude.
Em “Corpo Presente”, conta-se a velha história das batalhas familiares. Desta feita, trata-se da dos Hegarty, os irlandeses com olhos de um azul intenso e alucinado, dados ao alcoolismo, ao humor negro e à tendência para a autodestruição. Há um corpo a enterrar tal como em “O Mar”, um romance sobre a luta contra o esquecimento, na memória eternamente incandescente de Max Morden, o homem que foi menino e salvo pela família Grace.
Em última instância, todas as lutas são contra a morte, embora se morra sempre ( e se mate), lutando.
Nota: por favor, não se esqueçam de confirmar as datas quando sair o Programa da Culturgest.

sábado, 6 de junho de 2009

A Exposição "Homenagem e Esquecimento" em Évora



De regresso do Alentejo, depois da sessão com o meu livro em Évora - uma apresentação perfeita, inteligente, bem disposta e perspicaz de Cláudia Sousa Pereira que deu direito a perguntas da assembleia e muita conversa - depois de ver bons amigos, de dormir, comer e beber maravilhosamente, não quero deixar de vos aconselhar uma exposição que se encontra, também em Évora, na Fundação Eugénio de Almeida.
Tem como (belo) título "Homenagem e Esquecimento" e é comissariada por Leonor Nazaré, em parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian.
Inaugurou a 4 de Junho - exactamente à mesma hora da apresentação do meu livro - mas tive tempo de ver a exposição "antes" e de estar um pouco com a minha amiga Graça Pereira Coutinho, cuja obra prezo muitíssimo.
A exposição tem peças lindíssimas e a ideia é muito interessante, com o tema do esquecimento a dominar. Esquecemos por defesa natural ou por indiferença? Pelo peso dos anos, pela passagem do tempo ou por egoísmo? Ao exercer a prática da homenagem - privada ou pública, silenciosa ou estridente - lutamos contra a perda de memória, contra a queda no buraco negro do olvido.
Estes artistas, nas suas respectivas obras - escultura, pintura, fotografia e gravura - marcam, cravam, deixam vestígios das suas memórias, da sua passagem pelo mundo. Os 16 artistas escolhidos são : João Cutileiro, Henry Moore, José Pedro Croft, Noronha da Costa, Daniel Blaufuks, Ana Vieira, Canto da Maia, Almada Negreiros, Gaëtan, Fernando Lemos, Maria Beatriz, Rui Sanches, João Onofre, Cabrita Reis e Alexandre Estrela e Graça Pereira Coutinho.
Para mim, as mais belas obras expostas são as de Graça Pereira Coutinho, José Pedro Croft, Gaëtan, Rui Sanches, Pedro Cabrita Reis, talvez porque as conheça bem e reveja aqui, mais uma vez, a intrínseca qualidade que têm mantido ao longo de décadas e o chamamento profundo que provocam. Mas todas as obras são interessantes e merecem mais do que uma visita.
Não se esqueçam, a Fundação Eugénio de Almeida é em Évora, muito perto da Biblioteca e do Templo de Diana.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

"A Infância é um País Estrangeiro" em Évora

Hoje, o meu livro, "A Infância é um País Estrangeiro", Ed. Quetzal, vai ser apresentado na Biblioteca Pública de Évora, pela Professora Cláudia Sousa Pereira, às 18:30h.
Estou muito feliz por esta oportunidade de voltar a ver as amigas e amigos de Évora, principalmente aqueles que participaram numa Comunidade de Leitores, nesta mesma Biblioteca, no Inverno 2008 - 2009. Vou agora meter-me ao caminho.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Ainda a Granta

Falava eu da Granta e soube agora que Alex Clark, a editora em chefe, se demitiu sem cumprir sequer um ano de trabalho, à frente da publicação. Clark, que começou em Setembro do ano passado, foi a primeira mulher a dirigir a Granta e sucedera a Jason Cowley que também se aguentou pouco tempo e largou a revista para se tornar director do New Statesman. Não se sabem as razões destas mudanças. John Freenab, o editor americano ficará, por agora a comandar os destinos da revista.